19.2.10

Angustia compartilhada; prévia de dias tranquilos

Cópia de um scrap a uma amiga.

A coruja sarnenta que nunca vi, mas ouço e que me persegue sem fazer sombra acaba de piar. Te escrevi um calhamaço e o botão acidentalmente pressionado foi "cancelar".


Segunda tentativa:

(...)

Sim essa viagem está demorando demais, demais! Saí de Brasília planejando sair daqui terça feira!! Acontece que a coruja gostou do clima local e anda piando mais e mais alto. Pegue o lenço e leia sem molhar o teclado:

Mesmo tendo consultado alguns sites antes, só fui ler aqui que um procedimento necessário é levar a carteira de vacinação para a ANVISA e lá retirar o certificado internacional de vacinadinhos contra a febre amarela, para poder tirar o visto. E eu que achava que para me meter nesses matos de bugre tinha que levar apenas a carabina. Pois bem, tive de esperar a quarta-feira de cinzas para ir à ANVISA (sorte a minha que o bravo povo pantaneiro não se inventa feriados para detonar mais o fígado). Sorte a minha também que a simpatia do povo local não se finge em esteriótipos, que, aliás, sobre os daqui nem existe. Não trouxe carteirinha nenhuma e o gentil funcionário aceitou expedir um documento baseado em um papel A4 com pequeno conteúdo impresso em qualidade "rascunho" de uma impressora inkjet. Ah! Sorte (veja, disse sorte três vezes!) a minha também que resido na mais verde e colonial coffs cidade do DF e os sobradinhenses que tociam e não haviam se vacinado após um surto de macacos encontrados mortos em 2008 eram colocados em quarentena. Se não estivesse vacinado, teria de esperar ainda dez dias.

Mas então, tive sorte, não esperteza. Na mesma quarta-feira fui para a fronteira. Prioridades? MUAMBA. Fui ao shopping da Zona Franca e, céus, estava tudo caríssimo! Só bebida compensava... As 51 de outros países que no Brasil são caras (José Cuervo, Absolut Vodka...) lá são 20 mangos. Mas só! Um baralhinho de Uno - da Grow mesmo! - tava 9 doletas (18 pau). Rumar, seguir em frente, tocar o barco? Jamais! Fiquei passeando entre as prateleiras e comentando alto "isso aí no Mercado Livre e com frete é bem mais barato. Nossa, economizaria uns 30 reais e ainda daria dinheiro a brasileiros" (como se os donos das lojas lá não fossem rs). Saí e fui pra feira. Lá as coisas estavam mais em conta. Mas ninguém aceita cartão e a cotação do "dólar boliviano" é de dos reales pra cima. Comprei meu mochilão, mas já me arrependi. Veja só, paguei muito barato.. 38 reais (2 reais pechinchados) e tô com receio de ela se desmanchar no meio de uma ferroviária e chover gente em cima dos meus pertences (*bate na madeira*). Comprei também um Mario lindo. LINDO! 15 cm, mais de um quilo, muito bem pintado. Vai ficar lindão no meu quarto novo. Por fim, fui na ferroviária, mas bolivianos têm uma forte consciência de classe e não dão vantagem a patrão. Tudo fecha nunca depois de 16h55 e já eras.

Quando eu chego em casa... surpresa. Bem, o que dizem as rosadas crianças corumbaenses quando lhe perguntam "O que queres ser quando crescer, pequenino?". 11 em 10 diriam "Policial federal, para matar boliviano na fronteira". É CLARO! Havia três lindos Marios na prateleira. Dois baseballers - um atacante e um defensor - mas, uma vez que não rejubila-me tal qualidade de atividade grupal, escolhi o meu: simple and straight. Mas quando chego em casa descubro que ele é muito mais legal. Vem com um cogumelo vermelho em uma das mãos. O lojista deixou ele numa posição que nem faz falta, mas como despensaria o cogumelo? Ensaiei minha masculinidade frente ao espelho e no dia seguinte fui requisitar o que é meu.

Acordei atrasado, saí de casa esquecendo e a carteira e tendo que voltar, e quando chego no ponto de ônibus para tomar caminho a fronteira, descubro que (ao contrário dos anos anteriores) não se pega mais o carro rumo à Bolívia na rodoviária. Não tinha comprado cigarros, e os cigarros bolivianos que custam, escuta, UM REAL (1,50 nas noites de carnaval) são intragáveis. A moça na parada disse que o ônibus demoraria ainda uns 15 minutos, mas quando dobrei a esquina ele passou. Sorte que o tráfego é intenso e, embora uma viagem de táxi por duas quadras em Corumbá custe 10 reais (preço padrão), os vinte quilômetros que nos levam à fronteira nos tiram apenas 5 - e com motorista brasileiro. E então. Faltando 1 hora pra sair o ônibus fui, carregando 10 kg nas costas, debaixo de um sol de 40 graus, que, ao atravessar a ponte fronteiriça viram 42, pra loja onde havia comprado o Mario. O vendedor disse que veio assim mesmo da China e me mostrou todos os outros Marios sem "cabecitas". Tinha só um Toad no balcão, mas que sentido faz um Mario segurando um Toad? Nenhum. Prefiro fazer um (cabecita) de sabonete. Fui atrás da doleira, ainda - item mais importante depois do mochilão que havia esquecido de procurar no dia anterior - e não achei nada. Peguei um taxi pra ferroviaria e a corrida de 10 bolivianos me custou 5 reales (40 BOLIVIANOS) porque a burra da minha prima disse que "era o preço" (sendo que depois ela disse que se enganou e "o preço", na verdade, era de Corumbá até a ferroviaria, em taxi boliviano). Fui ainda trocar meu dinheiro pela moeda local e já cheguei na ferroviária faltando 15 mins pras 17, sendo que o trem que eu queria saira às 16:30. Comprei a passagem (ouvindo do bilheteiro que estava sem troco "troca você") para amanhã, às 12h45. Olha que merda, esse trem demora muito mais. Chega no mesmo horário que o das 16, mas sai quatro horas antes. Espero que haja alternativa ao assadito de pollo e que a turma seja animada e cante lindas canções.

Pois é... já vou chegar três dias atrasados, o que é muito pra uma viagem. E sem produtividade nesse tempo. Torça por mim, babe. Torça por mim.

18.7.09

Academia, doce academia

Sob o rótulo de site de relacionamentos, Orkut possibilita que as pessoas saiam do anonimato e cultivem sua autoimagem. Ao lado de reality shows, blogs, fotologs, videologs e redes sociais, o Orkut potencializa a exposição das pessoas. Na opinião de xxxx, coordenadora e docente do Curso de Publicidade e Propaganda da xxx e pesquisadora na área, o Orkut (…) atua como uma plataforma hiperespetacular de publicação de sujeitos. (…) Segundo a especialista, não por acaso, o encerramento da conta na plataforma é sentido como uma espécie de morte, o orkuticídio. (…) Todo o processo de comunicação serve à multiplicação do eu no espaço do outro: cada scrap (mensagem) deixado no perfil de um amigo vem acompanhado do conjunto foto/nome hipervinculado que identifica e remete ao eu. (…) “Esse encapsulamento do eu no perfil mostra uma crise de confiança que marca a pós-modernidade e reflete a retração narcísica do ser humano como estratégia de sobrevivência”, explica a professora.

17.7.09

O que levar da Internet para a vida

É um total contra-senso o fato de que, num mundo em que cerca de 16 a 40% das pessoas em geral sofrem de insônia, haja aquelas que, iludidas pelos valores da sociedade industrial, esforçam-se por reduzir o número de horas de sono diário,. Com isso acreditam, provavelmente, que um corpo “treinado” para dormir menos nos permita ampliar o número de “horas úteis” do dia, mantendo o mesmo desempenho.

Pura ilusão ou, mais provavelmente, uma boa dose de ignorância sobre a importância que o sono tem no funcionamento de nosso corpo e da nossa mente.

Dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico: durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e, mesmo, a longo prazo. Estudos provam que quem dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais propenso a infecções, à obesidade, à hipertensão e ao diabetes .

Alguns fatos comprovados por pesquisas podem nos dar uma idéia da importância que tem o sono no nosso desempenho físico e mental. Por exemplo, num estudo realizado pela Universidade de Stanford, EUA, indivíduos que não dormiam há 19 horas foram submetidos a testes de atenção. Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g de álcool no sangue - quantidade equivalente a três doses de uísque. Igualmente, tomografias computadorizadas do cérebro de jovens privados de sono mostram redução do metabolismo nas regiões frontais (responsáveis pela capacidade de planejar e de executar tarefas) e no cerebelo (responsável pela coordenação motora). Esse processo leva a dificuldades na capacidade de acumular conhecimento e alterações do humor, comprometendo a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio.

O sono e os hormônios

A longo prazo, a privação do sono pode comprometer seriamente a saúde, uma vez que é durante o sono que são produzidos alguns hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento de nosso organismo. Por exemplo, o pico de produção do hormônio do crescimento (também conhecido como GH, de sua sigla em inglês, Growth Hormone) ocorre durante a primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir.

Qual é o papel do GH? Entre outras funções, ele ajuda a manter o tônus muscular, evita o acúmulo de gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose. Estudos provam que pessoas que dormem pouco reduzem o tempo de sono profundo e, em conseqüência, a fabricação do hormônio do crescimento.

A leptina, hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade, também é secretada durante o sono. Pessoas que permanecem acordadas por períodos superiores ao recomendado produzem menores quantidades de leptina. Resultado: o corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos.

Com a redução das horas de sono, a probabilidade de desenvolver diabetes também aumenta. A falta de sono inibe a produção de insulina (hormônio que retira o açúcar do sangue) pelo pâncreas, além de elevar a quantidade de cortisol, o hormônio do estresse, que tem efeitos contrários aos da insulina, fazendo com que se eleve a taxa de glicose (açúcar) no sangue, o que pode levar a um estado pré-diabético ou, mesmo, ao diabetes propriamente dito. Num estudo, homens que dormiram apenas quatro horas por noite, durante uma semana, passaram a apresentar intolerância à glicose (estado pré-diabético).

Mas qual é a quantidade ideal de horas de sono? Embora essa necessidade seja uma característica individual, a média da população adulta necessita de 7 a 8 horas de sono diárias. Falando em crianças, é especialmente importante que seja respeitado um período de 9 a 11 horas de sono, uma vez que, quando elas não dormem o suficiente, ficam irritadiças, além de terem comprometimento de seu crescimento (devido ao problema já mencionado sobre a diminuição do hormônio do crescimento), do aprendizado e da concentração.

É na escola que os primeiros sintomas da falta de sono são percebidos. O desempenho cai e a criança pode até ser equivocadamente diagnosticada como hiperativa, em função da irritabilidade e de sua dificuldade de concentração, conseqüentes da falta do sono necessário. É no sono REM, quando acontecem os sonhos, que as coisas que foram aprendidas durante o dia são processadas e armazenadas. Se alguém, adulto ou criança, dorme menos que o necessário, sua memória de curto prazo não é adequadamente processada e a pessoa não consegue transformar em conhecimento aquilo que foi aprendido. Em outras palavras: se alguém - adulto ou criança - não dorme o tempo necessário, tem muita dificuldade para aprender coisas novas.

Riscos provocados pela falta de sono a curto prazo: cansaço e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações repentinas de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade, redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração.

Riscos provocados pela falta de sono a longo prazo: falta de vigor físico, envelhecimento precoce, diminuição do tônus muscular, comprometimento do sistema imunológico, tendência a desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e gastro-intestinais e perda crônica da memória.

Conselhos para Dormir Melhor

  • À noite, procure comer somente alimentos de fácil digestão e não exagerar nas quantidades
    Evite tomar café, chás com cafeína (como chá-preto e chá-mate) e refrigerantes derivados da cola, pois todos são estimulantes (”despertam”).
  • Evite dormir com a TV ligada, uma vez que isso impede que você chegue à fase de sono profundo.
  • Apague todas as luzes, inclusive a do abajur, do corredor e do banheiro
  • Vede bem as janelas para não ser acordado(a) pela luz da manhã
  • Não leve livros estimulantes nem trabalho para a cama
  • Procure usar colchões confortáveis e silenciosos
  • Tire da cabeceira o telefone celular e relógios
  • Tome um banho quente, de preferência na banheira, para ajudar a relaxar, antes de ir dormir
  • Procure seguir uma rotina à hora de dormir, isso ajuda a induzir o sono

Fonte:www.cerebromente.org.br



Eu chego lá!

3.5.09

Too late, garrroto

Usando o mecanismo de busca do Gmail, me deparo com isso aqui. Um e-mail enviado em 2006:

"hello. eu sou americano. eu vivo nos EUA e no Brasil. eu estou em
Brasil frequentemente, para negócio. eu quero encontrar-se com um
menino que agradável. eu não estou procurando o sexo somente. se
você gostar de meu perfil, escreva-me. falo ingles e um poco de portugues.
ok, that's enough portuguese practice for me now! i am looking for a nice boy in brazil, to be friends or for a relationship. i am a nice, professional, masculine man. and i am looking for a serious boy with a nice and friendly personality. where in brasil do you live? what kind of man are you looking for?
you can see my profile on planetromeo (i sent you a message there)
i'm john."


Seguido de fotos:



























Tá... COMO EU DEIXEI ESCAPAR UM EXECUTIVO GRINGO RICO ENGRAVATADO E QUE AINDA DARIA EMPREGO PRAS MIGA DO PBSL?

29.4.09

Antropologia espontânea

Método: participação observante.
Valendo-se de conceitos pós-modernos, o cientista vê-se enquanto parte constituinte da rede, estruturante e estruturada, que pesquisa.

Autor:
¢αмιинσ ∂σ нσяιzσитє •, •иα νιιвєєє є иσ
Fonte: Orkut.com, 2007.
Nota do editor: a linguagem e pontuação mantêm-se iguais. No entanto os grifos as passagens isoladas por chaves e em cor esverdeada foram adicionados pelo editor, visando uma compreensão facilitada do texto.


Segue-se a pesquisa:

Olha eu sou baladeiro ......

eu pensO assim das garotas que frequentam tbm... [as garotas também são baladeiras]

algumas delas sao muito safadas msm ...elas vao pah dar td e mais
alguma coisa ...!!!! "as perversas"
["muito safadas" é uma qualidade, não um tipo. No entanto, vê-se que "as perversas" são todas "muito safadas". Porém infere-se que a recíproca não é, necessariamente, verdadeira]

mas tem tbm as garotas qeu vam pah curti o RoLê di Boa...
mas elas tem duas opções .....
1° pegar com um PATRICINHO e fazer ele bancar ela ate o final da balada .....
2°ela ir na balada pah bj todos q ela achar BUNITINHO e tirar o
atrasO da semana inteira q ela nao bjOu ..!!! "as frenetikas"
[as que não vão meramente para dar, as que não são "perversas", são frenetikas. Se dividem em dois grupos, cujo objetivo comum é conquistar um rapaz podendo ele ser, a depender do grupo, "patricinho" (um indivíduo que dispõe de recursos financeiros) ou "bunitinho" (um indíviduo que atende aos padrões de beleza estipulados arbitrariamente pela sociedade moderna)]


e algumas garotas soh kerem garotos BRANKINHOS DO CABELO LISO ..e q tenham DINHEIRO TBM ... pah ela nao banca td sozinha...
essas sao "as patricinhas"
algumas delas sao fmz e kurti o Rolê de BOA ....
[as patricinhas são um tipo de frenetika que transita entre os dois grupos possíveis. Mas enquanto frenética, esta baladeira vai para festa para curtir, não para dar]



ESSA EH MINHA OPNIAO.
[estragégia weberiana de não finalização dos conceitos e possibilidade de revisões. Tal estratégia não permite dogmas nem determinismos]


mas oq vale minha opniao ... na vale dinada ....
[o autor finaliza a obra com um tom de modéstia quase maussiana, indicando que seu estudo é apenas um esboço que lance luzes e possibilidades de novas pesquisas]


rafael.vip.gatinho@hotmail.com

17.4.09

Motion picture soundtrack

Red wine and sleeping pills, help me get to his arms
Cheap porn and sad films, help me get back where I belong

... and I will see in the other life. When we both are squirrels

>>>

Meu twitter anda tão mais interessante....

11.4.09

Adele escreveu pra mim

Daydreamer
Sitting on the seat, soaking up the sun
He is a real lover
Of making up the past and feeling up his boy
Like he's never felt his figure before

A jaw dropper
Looks good when he walks, he is the subject of their talk
He would be hard to chase
But good to catch, and he could change the world
With his hands behind his back

You can find him sitting on his doorstep
Waiting for a surprise
It will feel like he's been there for hours
And you can tell that he'll be there for life

Daydreamer
With eyes that make you melt, he lends his coat for shelter
Plus he's there for you when he shouldn't be
But he stays all the same, waits for you
Then sees you through

There's no way I could describe him
What I said is just what I'm hoping for

You can find him sitting on his doorstep
Waiting for a surprise
It will feel like he's been there for hours
And you can tell that he'll be there for life

Ok, ok... o próximo não será uma música

17.2.09

Um dia (ou Incompleto)

Um dia eu encontrarei alívio
Eu estarei sucedido e eu serei amigo dos meus amigos que sabem como ser amigos

Um dia eu estarei em paz
Eu estarei esclarecido e eu estarei casado, e talvez com crianças e talvez adotadas e com muito mais gatos

Um dia eu estarei curado
Eu colherei meus ferimentos forjando o fim de uma trágica comédia

Um dia minha mente irá regressar, e eu serei constantemente aquele com sua noite, seu entardecer, seu dia
Um dia eu estarei seguro, igual às mulheres que eu vejo em seus trigésimos aniversários

Um dia eu falarei livremente
Eu estarei com menos medo
E uniforme fora dos meus escritos e letras e obras
Um dia eu estarei cheio de convicção
Eu estarei confiando e vastamente autêntico e estabilizado e inteiro

Sempre germinando
Sempre expandindo
Sempre inconstante e tortuoso
Mas nunca feito

Eu estive correndo tão suado em toda a minha vida
Urgente por uma linha final
E eu tenho sentido saudades do enlevo todo esse tempo
Por ser para sempre incompleto

2.2.09

Medo de qualquer dia aparecer no YouTube mais ou menos assim:

1.2.09

O homem da minha vida fará esse tipo de coisa:

16.1.09

Aos negócios

Não faço blip nenhuma no estágio, mas sou impedido de acessar o Blogger. Então façam meu tempo lá valer a pena e entrem loucamente no seguinte site, o qual sou responsável doravante.

http://www.fiocruz.br/OMCC

BEIJOS

(eu sei que este deveria ser publicado no
Twitter, mas o Twitter eu posso acessar de lá)

14.1.09

Me lembrei do sonho

Me lembrei mais ou menos com foi o sonho que tive com a Rafinha. Estive lendo um trabalho que fiz para faculdade (para a disciplina Geografia Humana e Econômica), e me ocorreu que ele tem algo a ver com a gente viver num mundo onde as "ciências" positivistas são levadas realmente a sério e ela ser uma pica grossa no Ministério da Educação. Então tinha todo aquele drama do "oh, céus! Como você pode executar essas ações sem questionar essas crianças! Como você pode remexer no futuro da nação se baseando apenas nos seus velhos barbudos?!". Ou não, tô inventando sem querer, não sei!

Essas férias estão fazendo mais mal ainda para minha memória. Amanhã mesmo eu volto a tomar Ginkgo Biloba. Segue aí o tal trabalho:

Primeiras palavras

Como a mim não é claro o objetivo deste trabalho, uma vez que ele foi tratado com o epíteto de “artigo” – o qual sugere uma pequena produção “científica” –, ao mesmo tempo em que foi nele requisitado um relato pessoal sobre a experiência adquirida no decorrer do curso, proponho construí-lo da seguinte maneira:

Neste, com efeito, relato minha experiência com o curso como um todo: textos, discussões, aprendizado, e o mais. Contrasto estes com minhas expectativas prévias e posteriores, com a ementa padrão da disciplina e ainda com aquela apresentada pela professora. Sendo minha experiência, não hesito em empregar juízos de valores e declarações essencialmente pessoais, as quais não são, de fato, parâmetros de princípios avaliativos academicamente quaisquer. Inevitavelmente, durante esta construção, aludo a algumas idéias de autores contemplados pelo programa da disciplina; mas, mesmo arriscando-me em descumprir a exigência “científica” do suposto artigo (cuja proposta, como mencionei, não ficou muito clara), isento-me de explicá-las ou interpretá-las, pois tais idéias já foram trabalhadas “cientificamente” nas avaliações anteriores.



Questões bibliográficas

A ementa da disciplina é, em seu todo, evidentemente de orientação marxista. O que, adianto, considero um problema; e isso vai além das minhas divergências com tal ideologia.

Considero batida e frágil qualquer argumentação que preconize a neutralidade axiológica do discurso docente. Acredito que a ideologia precede o discurso e qualquer tentativa de eliminá-la não faz mais que reproduzi-la em disfarce ou de maneira subliminar. Portanto, não penso que qualquer professor ou professora deva representar em sala de aula, contradizendo suas próprias convicções. Discordo ainda que o exercício docente, ou acadêmico como um todo, pressuponha a exigência de um monótono silêncio diante das posições ideológicas. Em suma, não vejo problemas no fato de que docentes ostentem suas posições políticas particulares em sala de aula, desde que, ao mesmo tempo, honrem quatro premissas fundamentais: a aceitação respeitosa da reciprocidade por parte dos alunos, alguma moderação (bastada pelo bom senso), o não-desvio constante das discussões centrais, e – dos itens, o único ausente nas aulas da disciplina em questão – a contemplação de múltiplas abordagens (se existirem).

Os textos abordados na disciplina condizem tanto com a proposta do programa de curso apresentado pela professora, quanto com a ementa padronizada do curso disponível no website “UnB – Matrícula Web”. Não se pode alegar, portanto, que houve alguma espécie de “negligência” ou “fuga ao tema” por parte da docente. Também não poderia depreciar a ementa padrão, pois desconheço a produção acadêmica da Geografia Humana e Econômica como um todo. Se por um lado acredito que outras abordagens de orientação não necessariamente marxista deveriam ser contempladas no curso, por outro não posso oferecer quaisquer exemplos (que, aliás, nem sei se existem). Mas, enfim, sugiro que a ementa seja revista nesse sentido.


Questões ideológicas

Espero que esteja claro que esta não é uma observação com motivações majoritariamente políticas. Não estou reclamando o “direito a uma voz calada”, mas uma gama de ferramentas mais plurais para a discussão. Enfatizo, ainda, que não é meramente por antipatizar com a ideologia do materialismo histórico que faço esta crítica.

Mas de fato esta antipatia existe (ainda que imatura e de bases frágeis, no sentido de que minhas leituras, tanto das obras marxistas e de orientação marxista, quanto das obras as quais as criticam são ainda muito escassas e insuficientes) e creio que de alguma forma ela afetou o meu envolvimento com o curso. Certamente não de forma gratuita. Não estou certo de que isto cabe na proposta deste trabalho, mas acho interessante apresentar em que pontos divirjo da ideologia que orientou centralmente a bibliografia do curso usando um dos textos dela. Escolho um trecho de Ana Fani Alessandri Carlos (2001).

O ano novo em Times Square, Nova York, é o exemplo mais claro do poder da mídia em fabricar representações; mas aqui ela vai mais longe, pois consegue vender “o nada”. Por volta das 10 horas do dia 31 de dezembro, a massa de quase um milhão de pessoas começa a se acotovelar nas avenidas Sétima e Oitava – em áreas pré-determinadas pela política de Nova York [...]. Nesta praça apertada e de tamanho insignificante, há uma bola e um locutor que vai anunciando os minutos que faltam para o ano novo. O interessante é que não se vê absolutamente nada: a multidão e o espaço exíguo não permitem. Também não há muito o que ver, é só saber que se está num lugar em que a mídia define como “o lugar” para se estar na noite do dia 31 de dezembro em Nova York. A multidão, massa disforme de corpos, se aglomera nas duas avenidas, voltadas para a direção de Times Square, quase sem se olhar. Aqui parece não haver prazer, nem desejo, mas apenas a expectativa passiva da chegada da meia-noite.

À Meia noite, então, o que acontece? O locutor faz a contagem regressiva, uma bola branca é solta no ar, mas poucos podem ouvir e ver. A massa acotovelada nas avenidas grita por um ou dos minutos “happy new year!”, e depois se dispersa ruidosamente; será que satisfeita? Só uma poderosa mídia consegue mobilizar tanta gente para “o nada” Aqui se trata indiscutivelmente de mais um espetáculo que representa a não-comunicação em meio à massa de pessoas que se aglomera, olhando para um ponto distante à sua frente onde está Times Square, como se faz uma “Meca (temporária) moderna” que atrai olhares e expectativas que não se realizam. (p. 69)

Nesta explanação medíocre, a autora parece acreditar piamente que está em uma posição superior à de seus “nativos[1]”, os quais, infelizes, ignoram sua realidade. Porém ela, detentora do saber maior, pode interpretar suas vontades, desejos, expectativas e “porquês”. Conseqüentemente, pode apontar-lhes o caminho da felicidade – pois a humanidade está há milênios na Terra sem saber resposta alguma sobre sua realidade, esperando que estas venham dos “cientistas”. O grande problema do materialismo histórico é que essa ideologia fornece a seus “adeptos” uma “caixinha de ferramentas” contendo todos os conceitos, termos e iguais[2] necessários para fazer de qualquer esboço ou interpretação da realidade algo profundo, inteligente, “científico”, benevolente e politicamente correto. Mas a citação demonstra uma interpretação vulgar da humanidade, a qual se assemelha ao julgamento de pessoas portadoras de necessidades especiais mentais ao cometer um crime: ao mesmo tempo em que há culpa em seu ato, são inocentadas porque há algo além de suas capacidades que as motiva para tanto. Na verdade, tal interpretação de uma humanidade mesquinha – cujas ações são ignoradas pela própria, embora sejam certamente movidas pela sua insaciável fome de consumo material – é um especulacionismo barato e atroz, elaborado por uma pessoa que despreza a realidade empírica em primazia de suas crenças, se julga capaz de afirmar o que os outros querem e sentem sem questioná-los, mas não conhece mais do que nenhuma dessas pessoas seus desejos e motivações. Enfim, se ainda cabe mais alguma opinião, o que avalio desta maneira não é o pensamento marxista em si, mas o repertório de teorizações infelizes que se sustentam dele.



Problemas epistemológicos

Não é minha intenção insistir no assunto, mas é inevitável. O “desapego” das proposições de orientação marxista à realidade empírica me incomoda. O corpo de esboços teóricos do materialismo histórico é per si estrutural. A realidade é explicada por suas entrelinhas, estruturas invisíveis que só os “cientistas” podem compreender. Com efeito, execro esse tipo de interpretação “mística” da vida social, o qual é uma fonte inesgotável aos que querem se fazer profundos. Nenhuma disciplina que tente explicar uma realidade da vida social humana pode intitular-se legitimamente como ciência. A ciência exige uma linguagem exotérica, verdades isentas de opiniões (de fato axiologicamente neutras), a exaustiva repetição dos experimentos laboratoriais e sua conseqüente, ainda que falha, capacidade preditiva. A volúvel constelação das ações dos seres humanos, em seu ritmo vertiginoso, torna impossível qualquer tentativa da construção de uma ciência sólida que se proponha a explicá-la. Não há corte epistemológico entre o pensamento do “cientista” social e de um sábio, bom observador do mundo. Não é à toa que as teorias dos grandes filósofos gregos do passado a respeito da natureza hoje se conservam apenas enquanto relíquias que são da história do pensamento ocidental, mas sem oferecerem nenhum conhecimento útil. Já a boa literatura a respeito da condição humana é exaustivamente relida e contemplada, dada a atualidade e profundidade de sua sabedoria, não importando quão antiga seja.

Não precisamos esperar o positivismo e suas pretensiosa criações para sabermos algo a mais sobre nossa realidade social. Sua vantagem, talvez, tenha sido permitir novas reflexões, mas seu legado não é útil. Agora que a maioria de suas “crias” com ele rompeu[3], deveriam também abandonar seu fetiche por esse cientificismo ilusório e imitar os cientistas apenas na maneira ingênua com que enxergam a realidade. Não é um defeito.


Um balanço favorável, ou "por favor, não me dê um injusto MS"

Apesar dos pesares, ainda não cheguei àquela “fase” (se é que algum dia eu a atinja) em que muitos descartam tudo o que desagrada suas convicções. A experiência com o que discordamos pode ser muito interessante e freqüentemente me deparo com proposições inteligentíssimas e mesmo inspiradoras, ainda que destoem do meu pensamento.

De maneira alguma considero a experiência da disciplina negativa. Aliás, o trabalho da professora foi elogiável. Apesar dos problemas que tivemos com o período inicial sem docência, a continuidade da disciplina fez-se democrática, porém não dispersa, mas sólida; embora com uma carga de textos semanal extensa demais, o que tornou inviável sua leitura na íntegra. Apesar de todas as considerações feitas anteriormente, seria absurdo afirmar que todas as leituras e discussões prestigiadas foram rejeitáveis. O contrário!

Interesso-me pelo estudo dos espaços urbanos e suas relações, digamos, metafísicas com o ambiente. Certamente, a minha proposta de estudo não se resume e inclusive busca divergir da interpretação predominantemente contemplada pelo programa do curso, aquela que privilegia “o recorte na análise e a compreensão da realização do espaço como mercadoria no contexto amplo da categoria espacial, enquanto conjunto de relações e formas no tempo da realidade social”[4]. Mas, enfim, muitos conceitos como a representação do espaço como simulacro, trazida por Carlos (2001); a importância dos elementos geográficos na construção do imaginário nacionalista do brasileiro, trazida por Neto (2000); a fluidez e a organização do espaço em rede e sua transição histórica para a atual conjuntura, trazida por Moreira (2006); e mesmo as novas formas de se pensar o espaço e seu possível reflexo em ações políticas que venha a contemplá-las, trazidas por Souza (2006) e Santos (1997; 2003) produziram reflexões mais ou menos enriquecedoras e mesmo de utilidade prática na execução dos meus futuros projetos de pesquisa.

Quando me matriculei na disciplina não fazia idéia de que ela me ofereceria uma um conteúdo tão relevante para a “minha” maneira de pesquisar o espaço, ainda que diferente (e conhecer o diferente, mesmo que do ponto de vista meramente acadêmico, é importante). A partir dela conto com uma tropa de conhecimentos a minha disposição, além, é claro de um refinado conhecimento em normas da ABNT.


Notas de rodapé

[1] Expressão recorrente na Antropologia, usada para referir ao ator o qual é o objeto do estudo.
[2] Me refiro aqui a pessoas que pensam de forma semelhante, seguem a mesma ideologia.
[3] Acho conveniente mencionar minha crença no fato de que tal rompimento tenha se dado em parte por questões políticas, uma vez que, em seu início, as “ciências” positivistas se empenhavam em servir às elites, ao passo que posteriormente suas cadeiras foram ocupadas por pessoas de orientação política divergentes a tais propostas. No entanto, os créditos atribuídos ao rótulo “ciência” permaneceram desejados, e a pretensão de se fazer uma ciência que estudasse a vida social humana por meio do esforço de um método científico permaneceu; desta vez, construída por “meditações filosóficas”, cuja prerrogativa é dada por um diploma e sustentada por um departamento na Universidade.
[4] Trecho retirado da ementa da disciplina proposta pela professora.


Referências bibliográficas

CARLOS, Ana Fani Alessandri. “Novas contradições do espaço”. In: O espaço no fim do século: a nova raridade. DAMIANI, A. L.; CARLOS, A. F. A.; SEABRA, O. C. L. (orgs.). São Paulo: Contexto, 2001. pp. 62-74.

MOREIRA, Ruy. “Da região à rede e ao lugar: a nova realidade e o novo olhar geográfico sobre o mundo.” In:______. Para onde vai o pensamento geográfico? Por uma epistemologia crítica. São Paulo: Editora Contexto, 2006. pp. 157-177.

NETO, Manoel Fernandes de. “A ciência geográfica e a construção do Brasil.” In: Revista Terra Livre - Geografia, política e cidadania. São Paulo: AGB, 2000, n. 15. pp. 09-20.

SANTOS, Milton. “Uma revisão da teoria dos lugares centrais.” In: ______. Economia espacial: críticas e alternativas. 2ª ed. São Paulo: Edusp, 2003. 125-136.

SANTOS, Milton. "Uma palavrinha a mais sobre a natureza e o conceito de espaço". In: ______. Espaço e método. 4ª ed. São Paulo: Nobel, 1997. pp. 01-59.

SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. “Recompondo a história da região metropolitana: processo, teoria e ação. In: SILVA, C. A.; FREIRE, D. G.; OLIVEIRA, F. J. G. Metrópole: governo, sociedade e território. Rio de Janeiro: D&A; Faperj, 2006. Pp. 27-40.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Ementa/Programa da Disciplina: 138282 - GEOGRAFIA HUMANA E ECONOMICA. Disponível em: <http://www.matriculaweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/disciplina.aspx?cod=138282>. Acessado em 05 nov 2008.


Nilton Aguilar

Novembro de 2008


11.12.08

Um anjo

(prometi a mim mesmo que não publicaria aqui nada que, se publicado mais tarde, por editora, embora não me rendesse um tostão, me renderia popularidade no Orkut e uma página na Wikipédia. Mas como tudo escrito nesta postagem, apesar de integralmente aproveitável para um pastelão não é de propriedade intelectual minha, me a risco a entregar de mão beijada um excelente roteiro de fundo de quintal ao público)

Homenagem tardia, mas ainda cabível, acredito, até mesmo porque não há para que se esperarem as datas arbitrárias apenas para se demonstrar carinho e blá, blá, blá.

Por esses dias, recentemente, foi aniversário de uma pessoa por quem tenho um carinho especial e repentino. Desses que você não entende o motivo do surgimento e por mais que não contamine cada esfera de sua vida, nem te faça pensar o tempo todo a respeito, lhe são especiais. Trata-se de uma pessoa tão rara que tropeça em sua ingenuidade, sem, no entanto – e é assim que engana e engana bem! –, ser uma completa tapada, com quem se pode fazer o que bem se entende. Ah! não mesmo. (momento intervenho no “about me” da amiga e acho ela tudo)

Seus tropeços certamente deixam a minha vida menos amarga (oh!, baby, como sofro). Então acho muito, muito coerente fazer uma homenagem lembrando alguns desses tropeços. Não os mais clássicos porque minha memória é de plástico e logo os detalhes se perdem e as coisas ficam desbotadas e perdem a graça. Lembrarei os quatro mais recentes, sendo que três aconteceram apenas neste último final de semana.



I

Ao lado de um carro azul

Estamos Fernanda, Nathália, um anjo e eu no XLI Festival de Cinema de Brasília. Um anjo, fantasiado de cangaceira, distribui panfletos que divulgam uma festa temática organizada por sua turma que estuda cinema. A fim de ampliar o raio de distribuição da divulgação, ela empresta seu carro a um colega semi-desconhecido (sic), que vai panfletar em algum lugar mais distante. Terminado o serviço, o tal colega volta com o carro, lhe entrega as chaves e dá as coordenadas de onde o deixou.

Mais tarde um anjo precisa do carro para buscar seu irmão em algum lugar distante. Onde estará seu carro? Tenta, então, entrar em contato com o colega semi-desconhecido (sic). Sem sucesso. Saímos em sua procura com aquela sensação de aventura que flui em meio aos órgãos que preenchem o tórax.

− Ele disse: "está estacionado ao lado de um carro azul".

"Ora, mas que descrição insuficiente!", reclamamos. Afinal, estamos no XLI Festival de Cinema de Brasília. Logo, em meio a um número interminável de carros azuis! E carros azuis deixam suas vagas, que são ocupadas por carros pretos, pratas, brancos, vermelhos, verdes, amarelos ou tunados.

Munidos daquele mesmo espírito aventureiro, que massageia e cocega os órgãos que preenchem o tórax, nos dividimos e partimos em procura do carro de um anjo.

Voltamos a reclamar: “mas a culpa é sua! Como assim se satisfaz com descrição tão pífia?!”.

Após uma busca que não respondeu aos anseios de aventura, mas ainda assim uma busca longa e cansativa, eu o encontro, como esperado, sem a companhia de qualquer carro azul. Há, no entanto, uma van escolar verde a duas vagas de distância. Um anjo pergunta:

− Qual é a cor daquela van?

− Verde − eu digo.

− Será que ele se referia a ela?

− Não. Certamente não. Bem, há uma caminhonete enorme ali. E tem um toldo azul maior ainda a cobrindo. Ele se referia a um toldo azul.

− É verdade. Acho que ele falou sobre esse toldo mesmo.


As próximas três aconteceram praticamente seguidas num intervalo de três dias.



II
O modelo da Blue Space

Em uma noite de sexta-feira, um anjo bêbada pega um flyer que divulga uma festa de réveillon na boate Blue Space, cuja estampa ilustra a foto de um modelo (clique aqui para ver o modelo), e pergunta "com quem você acha que ele se parece?".

eu: Quê? Sei lá... ninguém.
ela: Certeza?
eu: Uhum...
ela: Se parece com alguém sim.
eu: Hmm... não sei... lembra bem de longe o Kaká. É dele [que você está falando]?
ela: Não... se parece com o Caio.
eu: Me passa essa garrafa, Alanna.



III
Um gesto indelicado

Estamos um anjo e eu no Espaço Galleria no dia mais lotado e apertado de sua história(!), dançando perto um do outro. Muitas pessoas vão se colocando entre a gente, passam, mudam de lugar e aos poucos nos separamos. Vendo que um anjo já está bem distante, em um gesto de ironia, dou um "tchauzinho".

Percebo que ela está realmente cada vez mais longe, até sumir de vista. Uma hora realmente não a vejo mais e penso: "marota, está se pegando com alguém". Continuo a dançar no meu quadrado e, quando vão sortear um ingresso do show da Madonna, saio a sua procura, me mordendo e roendo de curiosidade para saber quem é o seu par. Me deparo com um anjo de braços cruzados, acompanhando pacientemente a demora do sorteio e digo: "é... foi longe, hein?!".

Um anjo me diz: "ora, você fez sinal pra eu me afastar!".



IV
Festa

Vamos construir esta história aos moldes do método científico:

Primeiro as evidências empíricas:
* Exalando seu espírito mais “bichinha”, um anjo me chama pra ir com o Zé e o Digo Torres à Festa da Lili (*vergoinha*) no sábado; mas também quer ir ao Espaço Galleria na sexta-feira. No entanto, tem que se decidir entre um ou outro, pois se mete com agiotas e perde dinheiro à toa.
* Recebo intermináveis convites para ir à festa "It's Britney, bitch" que marcou o dia mais lotado e apertado da história do Espaço Galleria naquela sexta-feira. Apesar de per si tender a ser uma roubada, desta vez me pareceu ser uma boa pedida, então voto em irmos à tal festa.
* Vamos.
* Lá encontramos com Nathália.
* Um anjo se satisfaz muito bem com vinho barato, assim se embriaga e vive em cada minuto da noite êxtase e alegria.
* No fim da festa, restam no ambiente ela e a moça da limpeza.
* No dia seguinte, um anjo me liga e diz: "não tenho grana pra ir à Festa da Lili :/, mas o Zé me chamou para ir a uma festa que vai ter no Teatro Dulcina. Você não quer ir? Parece que vai ser de graça! Não, não vai ser de hip-hop, não. Vai ter Telma & Selma".
* Pensando no arroubo underground ilustrado por filmes de José Eduardo Belmonte que deve ser uma festa com Telma & Selma no inferninho do Teatro Dulcina – ainda por cima de graça e não divulgada – quase desisto de ir à Festa da Lili. Mas foi um anjo quem me falou a respeito, então prefiro não me arriscar. Por não ter conseguido comprar antecipadamente o ingresso, e pelo fato de eles ficarem ainda mais caros após meia noite e meia, desisto da possibilidade de ao menos passar por tal festa antes de partir definitivamente para a Festa da Lili.
* Faço uma varredura na Internet. Não acho absolutamente nada sobre Telma & Selma no Teatro Dulcina neste dia; muito menos de graça. Penso que talvez seja porque se trata de uma festa realmente underground. Mas foi um anjo quem me falou a respeito, então desconfio.
* Ela não me liga para dar mais informações sobre a festa.
* No entanto, ela liga para a Nathália perguntando como se faz para chegar a uma determinada QL do Lago Sul. O Teatro Dulcina fica no CONIC.
* Vemos o Zé na festa.
* Finalmente, um anjo me diz do dia seguinte que foi na noite em questão a uma festa dada por colegas de seu curso.

Explicações causais:
1) Zé: "Oi, um anjo, tudo bem? Fui a uma festa ontem e Telma & Selma estava tocando. Foi legal até, mas estou numa ressaca brava. Vamos hoje ver uma peça no Dulcina? Vai ser de graça. Beijos :)".
2) Zé: "E aí, como vai? Fui no salão da Telma & Selma loira hoje cortar o cabelo. Ficou bem legal... mas acho que você já me viu assim antes, naquela festa do Dulcina. Se lembra? Vou tantas vezes lá que qualquer dia viro cliente VIP e eles me fazem o corte de graça...”.
3) Zé: "Oi, um anjo. Vi um monólogo lindo no Dulcina hoje. O nome da atriz é Selma ou Telma alguma coisa... Muito boa! Pena que já está saindo de cartaz :/ Estou pensando em dar outra daquelas festas que já fiz lá em casa, sabe, grátis e tudo mais."
4) Ad infinitum

Explicação estrutural:
Se trata de um anjo.




Por que um anjo? Na verdade não sei. Nada do que me resta na memória sobre o cristianismo me traga alguma lembrança do que de fato significavam os anjos, muito menos tenho ciência do que são os anjos em outras religiões. Bem, na verdade lembro que um anuncia a gravidez da virgem, outro pisa na cabeça do demônio que nunca morre, e têm mil outros que te acompanham na vida, mas nas horas necessárias lhe são omissos. Mas a definição exata, “nomológica” de o que é um anjo eu não sei. Então apelemos ao corriqueiro: anjos me lembram esta certa "ingenuidade astuta", ao mesmo tempo em que não exala a reprovável (haha!) "aura" densa e constante de sexualidade a qual todos os meus outros queridos exalam. Todos. Por isso cabe sim.
Cabe sim "um anjo".

.

Mais do mesmo

Agora as expressões que mais ouvi no ano:

"você ainda não..."
"o que você vai fazer hoje a noite?" Bontempo, N.

Os mujiques (cont.)

O interessante é que consegui manter relacionamentos bastante saudáveis e (embora não igualmente) afetivos no mesmo esquema, sem esses interesses compartilhados. Talvez seja porque a convivência não é tão rotineira e maçante quanto.
Talvez seja porque também tenham sido meramente instrumentais.

Os mujiques

Acho que assimilei de uma vez por todas uma lição que me vem sido ensinada há pouco menos de dezenove anos. Eu não tenho mais por que criar expectativas sobre a minha família. É uma relação de afinidades tão, tão, tão instrumental, que me surpreende o fato de de fato haver alguma afetividade. E há muita. Uma pena que o amor precisa ser traduzido em boa convivência, em programas compartilhados, em conversas interessantes. É impossível criar, concluo de uma vez por todas, expectativas em relação a isso. Penso sinceramente em tentar concretizar isso, então, em tatuagem. Por um lado é uma linguagem rasa, por outro a mim pode ser significativa. Acho que acaba resolvendo o problema de ambas as partes.

10.12.08

Mantra

Expressões mais repetidas no ano:

"deveria..."
"dei mole..."
"poderia..."
"merda, eu não..."

Sábado de sol


Atenção, este evento já passou! Mas é bom que fique registrado.
Aliás, foi muito bom :) avisarei sobre o próximo radicalmente.

Muito bem, Letícia ;)


(clique na foto para vê-la direitinho)

9.12.08

HELLO

How are you? i hope all is well with you, i hope you may not know me, and i don;t know who you are, My Name is Miss Caroline i am a girl just browsing now in and saw your profile and it seams like some thing touches me all over my body, i started having some feelings in me which i have never experience in me before, so i became interested in you, l will also like to know you the more,and l want you to send an email to my email address so l can give you my picture and for you to know whom l am.Here is my email address I believe we can move from here! I am waiting for your mail to my email address above. Miss Caroline (Remember the distance or color does not matter but love matters allot in life)
Agora me sinto um garanhão de primeira.
Obrigado, Miss Caroline.

Você extendeu minha juventude.
.

Treze anos

Oh these little rejections how they add up quickly
One small sideways look and I feel so ungood
Somewhere along the way I think I gave you the power to make
Me feel the way I thought only my father could

Oh these little rejections how they seem so real to me
One forgotten birthday I'm all but cooked
How these little abandonments seem to sting so easily
I'm 13 again am I 13 for good?

I can feel so unsexy for someone so beautiful
So unloved for someone so fine
I can feel so boring for someone so interesting
So ignorant for someone of sound mind

Oh these little protections how they fail to serve me
One forgotten phone call and I'm deflated
Oh these little defenses how they fail to comfort me
Your hand pulling away and I'm devastated

When will you stop leaving baby?
When will I stop deserting baby?
When will I start staying with myself?

Oh these little projections how they keep springing from me
I jump my ship as I take it personally
Oh these little rejections how they disappear quickly
The moment I decide not to abandon me
Morissette


Sim, uma bostinha. Mas as coisas são assim mesmo.
Depois posto alguma coisa interessante.

Para... não, não consigo.
Treze anos, se lembra, baby?
Ok, em alfabeto persa:

Para اِب
.

Sinal aberto

Ser um "Júnior" tem suas vantagens. Li um anúncio de que a NET, neste fim de ano, estaria abrindo o sinal de toda a sua grade de programação aos seus assinantes. Para ter acesso aos canais "adultos", no entanto, o assinante teria de ligar para a central de relacionamento e solicitar a liberação do sinal.
Bem, não menti meu nome para a moça do atendimento, o que me redime alguns pecados, nunca se sabe. Mas no final das contas percebi uma coisa que já há algum tempo não mais me incomodava, porque passava ao largo desse tipo de coisa: pornografia mainstream é uma merda!
.
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Os lenhadores não existem na vida real

Meu coelhinho fugiu na madrugada sexta para sábado e ainda não apareceu. Hoje eu sonhei que minha cachorra, bem mais forte e gorda do que o habitual, correu por um prado alto e seco e resgatou o Ray pela boca; inteiro, apenas um pouco babado.

Mas foi só um sonho. Os lenhadores não existem na vida real.


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Like a star























Não vai ao show da Madge, bee? O dólar tá alto, o baú das sacoleiras tá lotado, não tem mais vaga em pousada na Brasilândia? Não foi sorteada no Espaço Galleria, nem comprando em 10x na Renner e tá desesperada? Ainda não! É só entrar aqui: www.nokia.com.br/100ingressos, ler tudo direitinho e mandar ver, ops, digo, arrasar :D mas vai logo porque já tá acabando.

VOA BEEEEEE!
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8.12.08

Bemühung:

  • Weisheit #1: Es ist angeboren. Loslösung von emotionalen Gütern.
  • Weisheit #2: Die Fallstricke des Lebens setzt fort. Loslösung von materiellen Gütern.
  • Weisheit #3: Befestigung zum Rücktritt, Pornografie und Zigaretten. Oder Loslösung von Leben.
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Só não sou bonito e popular


Quando estou na pior, fico tipo a Lily Allen. Adoro desabafar no meu diário virtual, escrever músicas mandando recados para namorados, ex-namorados, faço a maluca e saio pelada na rua e me sinto derrotada facilmente. Tenho que sair dessa, gente!

Qual celebridade você é quando está na pior?


Tipo isso mesmo. A diferença é que não sou bonito, popular, nem saio pelado na rua. Mas cada gongada simbólica (porque impeço que elas aconteçam em nível empírico) é uma coitadisse em alemão ou alfabeto persa, dizendo que sou mesmo gordo uó e que mereço isso ou a parede.

Pong

Ping, pong
Ping, pong
Ping, pong

ah! quem me dera!
é apenas:

Pong
Pong
Pong
Pong
(...)

Direcionado a algum tipo de teia ou imã.
Eu que me desvio para a parede.
.
Argh.. pequena. Vai no twitter: twitter.com/hoehepunkt
.

Um sonho

Sonhei com a Rafinha.

Rafinha: ...


merda, esqueci. Sei que tem a ver com uma crítica ao materialismo histórico. Mas, merda! Esqueci. Depois eu posto com algumas coisas que inventar na hora.

MERDA ESQUECI!
.

shorei

há uma nuvem de lágrimas sobre os meus olhos
dizendo pra mim que você foi embora
e que não demora; meu pranto rolar...
eu tenho feito de tudo pra me convencer
e provar que a vida é melhor sem você
mas meu coração não se deixa enganar...

vivo inventando paixões pra fugir da saudade
mas depois da cama, a realidade
essa sua ausência doendo demais...
dá um vazio no peito, uma coisa ruim
o meu corpo querendo seu corpo em mim
vou sobrevivendo num mundo sem paz...

Ahh.. jeito triste de ter você
longe dos olhos e dentro do meu coração
me ensina a te esquecer
ou venha logo e me tire dessa solidão...

shorei

Para J.J.
.

Justificativa

Por pontos:
  • Quis ser retrô
  • Sinto falta da rotina. E pensei... e agora, onde está minha rotina?
  • Deve ser por isso, então. Tem a academia, mas logo vou operar de novo(... então sem academia). Tem o cursinho de francês on-line, mas o desprezo.
  • Então essa aqui é minha nova rotina.
  • Mas se minha vida não tem mais rotina, ela não tem mais conteúdo... então qual pode ser o conteúdo?
  • Não, não... não vou disponibilizar ao público os germes da minha publicação artística. Se jamais terei a garantia do copyright, que ao menos tenha uma página na Wikipédia antes de sugarem a minha produção sem me pagar um tostão e... tá, tá, menos.
  • Então as firulas que posto no meu scrapbook e que se afogam em meio a fofocas, cobranças de "faça isso na Socius!" e outras trivialidades (RSRS) ficaram aqui; para a eternidade.
  • Porque não cabem no twitter (@hoehepunkt).
  • E, de quebra, ganho uma nova rotina.
  • E ela pode se perpetuar até eu reaver minha rotina.
  • E ficaremos assim: produza, leia, faça, ensaie, cobre isso para amanhã. E atualize o blog. E terei mais martírios.
Beeeijos
.